Inspiração para os poetas, objeto de estudo dos astrônomos, referência da passagem de tempo para os povos antigos. A Lua tem diferentes significados e é fonte de várias reflexões. Mas todas elas nos despertam a mesma indagação: como esse satélite natural foi formado e qual a importância dele para o planeta Terra?
Satélites naturais são corpos celestes que se movimentam em círculos, ou seja, orbitam ao redor de um planeta. A Terra tem apenas um: a Lua. Mas um corpo celeste pode ter mais. Júpiter, por exemplo, tem 67, dezenas já conhecidas e designadas com nomes interessantes, como Europa e Calisto.
A nossa Lua tem influência poderosa na manutenção da biodiversidade planetária e sua origem está intrinsecamente ligada à formação da Terra. A teoria mais aceita para o nascimento lunar é a da Agência Espacial Americana (Nasa). Acredita-se que um corpo do tamanho de Marte colidiu com a Terra há cerca de 4,5 bilhões de anos. Uma imensidão de detritos e rochas expelidas dessa explosão orbitaram em torno do nosso planeta, até se unirem e formarem, no decorrer de milhões de anos, o globo lunar.
Essa hipótese ganhou reforço quando a missão Apollo 11, primeira viagem do homem à Lua, em 1969, recolheu amostras de solo e rochas e detectou que elas eram semelhantes ao material encontrado na Terra.
Outro estudo mais recente, divulgado em 2015 e feito por um grupo de astrônomos do Instituto de Tecnologia de Israel, simulou colisões entre planetas. Os pesquisadores compararam a composição de cada orbe que sobreviveu ao impacto com a do corpo celeste que se chocou contra ele. O resultado dessas análises mostrou que de 20% a 40% dos corpos que impactaram tinham uma composição similar aos planetas com os quais colidiram. Tese que reforça a forma como o nosso satélite natural foi formado.
Afastamento e atrito
A Lua, nos seus primeiros anos de existência, estava muito mais próxima da Terra, o que significava uma influência ainda maior da sua gravidade em nosso planeta. Ao longo do tempo, ela foi se afastando e estima-se que se distancia a uma velocidade de 3,78 centímetros por ano da nossa Casa Comum.
Esse afastamento se deve à fricção entre a superfície da Terra e a gigantesca massa de água que paira sobre ela. O atrito faz com que, ao longo do tempo, nosso planeta gire um pouco mais lentamente sobre seu eixo. E à medida que a velocidade da Terra diminui, a da Lua acelera fazendo com que ela seja empurrada para fora.
O movimento lunar influencia nosso planeta de diversas formas. Porém, as mudanças são muito lentas e sutis. Para se ter uma ideia, as noites ficam mais longas conforme o satélite se distancia, mas isso representa apenas dois milésimos de segundo a cada século. Mas fiquem despreocupados: a Lua nunca vai “escapar” da Terra. Mesmo que ela continue diminuindo sua velocidade, irá girar na mesma velocidade em que orbita a Lua.
Atualmente, a orbe lunar está a 384.400 km de distância de nós. Isso significa que, entre a Lua e nosso planeta, caberiam 30 Terras.
Importância e influência
O que aconteceria se a Lua não existisse? Enquanto dá voltas em torno da Terra, ela puxa o planeta com sua gravidade. Sem a Lua, o planeta ficaria “frouxo” como um pião, que perde a força ao ser girado. Isso faria, por exemplo, com que locais como as regiões polares ficassem mais expostos ao Sol. Ou seja, nosso clima seria caótico e provavelmente quase todas as formas de vida seriam diferentes. Talvez, nem estaríamos aqui para contar essa história.
Em contrapartida, sua existência é referência para a prática de uma agricultura que leva em consideração hábitos ancestrais de plantar e colher, conforme as diferentes fases do satélite natural. Entre elas, a permacultura, uma forma de cultivar alimentos que se alinha não somente com a astronomia, mas também ao respeito das especificidades do solo, oferta de água natural e a simbiose existente entre diferentes plantas.
Outra influência da Lua se dá nas marés. Assim como a Terra atrai a orbe lunar, fazendo-a girar ao seu redor, a Lua também atrai nosso planeta, só que de um jeito mais sutil. O puxão gravitacional tem pouco efeito sobre os continentes, por serem sólidos. Mas afeta fortemente os oceanos, que são constituídos de água e têm grande fluidez, produzindo as chamadas marés altas e baixas.
A Lua tem água - e em volume surpreendente - na forma de “orvalho”, gelo depositado no fundo escuro de suas crateras e, sobretudo, no interior de suas rochas.
A Lua tem menos de um terço do tamanho da Terra.
A temperatura da orbe lunar atinge 127ºC em pleno Sol e cai para menos 280ºC na escuridão.
A Lua tem uma atmosfera muito fina, chamada “exosfera”. Ela não fornece qualquer proteção contra a radiação solar ou impacto de meteoros.
Com uma atmosfera tênue, a Lua é alvo constante de asteroides, meteoros e cometas, deixando numerosas crateras. O que explica a sua aparência lembrar a de um queijo e seus furos.
Através de uma lente de aumento com ampliação 10 vezes superior, a Lua pode ser vista em detalhes. Um binóculo atual e barato tem maior poder de resolução do que a antiga luneta do físico italiano Galileu Galilei, que viveu nos séculos 16 e 17.
A Lua faz uma órbita completa ao redor da Terra correspondente, cronologicamente, aos nossos 27 dias, girando na mesma velocidade e tempo, sempre voltada com o mesmo hemisfério para nosso planeta. Esse fenômeno é chamado de rotação síncrona. Mas, como a Terra gira em seu próprio eixo enquanto orbita o Sol, a partir da nossa perspectiva, temos a impressão de que ela leva 29 dias.
1609
Thomas Harriot torna-se a primeira pessoa a usar um telescópio voltado para o céu. Mais tarde, ele faz os primeiros mapas da Lua.
1610
Galileu Galilei publica observações científicas da Lua no “Sidereus Nuncius” (Mensageiro das Estrelas).
1959-1976
“Programa Luna” da extinta União Soviética (URSS) lança 17 missões robóticas bem-sucedidas à Lua, incluindo o primeiro vislumbre do lado oculto lunar e três retornos de amostra.
1961-1968
Lançamento do “Programa Lunar Orbiter”, desenvolvido pelos Estados Unidos para envio de cinco sondas espaciais não-tripuladas à Lua: 99% da superfície lunar foi mapeada.
1969
O astronauta Neil Armstrong se torna o primeiro homem a caminhar sobre a superfície da Lua.
1994-1999
Missões “Clementine” e “Lunar Prospector” sugerem que pode existir gelo nos polos lunares.
2003
Primeira missão lunar da Europa com a sonda “Smart-1” para identificar elementos químicos.
2007-2008
Segunda nave espacial do Japão, Kaguya (foto), e primeira sonda lunar da China. Ambas começam missões de um ano orbitando a Lua.
2009
Descoberta de gelo na Lua.
Conforme a Lua viaja ao redor da Terra ao longo do mês, ela pode ser vista de diferentes formas. Pelo fato de a orbe lunar não ter brilho próprio, suas fases - Cheia, Nova, Crescente e Minguante - são resultado de um ciclo de aproximadamente 29,5 dias em que ela fica iluminada pelo Sol. A fase da Lua representa o quanto dessa face iluminada está voltada também para a Terra.
Primeira mulher
O projeto Ártemis, da Nasa, pretende enviar astronautas de volta à Lua em 2024. A tripulação envolvida no projeto, assim batizado em homenagem à deusa grega da caça e irmã gêmea de Apolo, deverá levar a primeira mulher ao satélite natural da Terra. A missão também prevê o estabelecimento de uma base permanente na Lua.
Planeta vermelho
O projeto Ártemis também será usado para testar novas tecnologias, equipamentos e procedimentos destinados a uma futura missão tripulada a Marte, o planeta vermelho, para onde a Nasa já enviou 19 missões bem-sucedidas. A primeira se deu antes mesmo de o homem pisar na Lua. Em 52 anos de exploração, a superfície de Marte já foi totalmente estudada e mapeada.
Cabo Canaveral
As futuras missões para a Lua e Marte deverão partir da mesma base, na região de Cabo Canaveral, na Flórida (EUA), de onde também decolaram os voos do programa Apollo, nos anos 1960 e 1970.
Fonte: O Globo